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Como o Segundo Homem Mais Rico do Mundo e Seu Filho Fecharam o Acordo Bilionário com a Paramount

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Na quinta-feira (31), a Comissão Federal de Comunicações (FCC na sigla em inglês) aprovou a fusão de US$ 8 bilhões (R$ 44,4 bilhões) entre a Paramount e a Skydance Media, 383 dias após o anúncio inicial do acordo. A operação, que deve ser concluída no dia 7 de agosto, vai transformar Larry Ellison, de 80 anos, e seu filho David Ellison, de 42, em uma das duplas mais poderosas de Hollywood, com influência sobre programas de TV, filmes, notícias e muito mais.

Como presidente, CEO e detentor de 50% dos direitos de voto da Paramount, David Ellison vai comandar um império do entretenimento com mais de 1,2 mil títulos de filmes, além dos direitos de distribuição de outras 2,4 mil obras cinematográficas. Outras joias da coroa incluem os populares canais MTV, Nickelodeon, Showtime e CBS News. No entanto, é seu pai quem controla os recursos financeiros e detém a participação acionária, segundo documentos regulatórios. O veterano Ellison pode também ter ajudado a tirar o negócio do papel de outras maneiras.

Acordo de US$ 16 milhões

A fusão só foi aprovada depois de algumas concessões importantes de ambos os lados. Da parte da Paramount, houve um acordo de US$ 16 milhões (R$ 88,8 milhões) com o presidente americano, Donald Trump, — valor destinado à futura biblioteca presidencial — para encerrar um processo judicial relacionado à edição de uma entrevista com Kamala Harris, exibida no programa 60 Minutes em 2024. Algumas semanas depois, a CBS anunciou que encerraria o programa noturno de Stephen Colbert, crítico de Trump, em maio do ano seguinte, citando estouros no orçamento.

Já da parte da Skydance, de Ellison, foi necessária a formalização dos compromissos por escrito, em que ela se comprometeu a garantir que o conteúdo da empresa representasse “uma diversidade de pontos de vista de todo o espectro político e ideológico” e que adotaria “medidas para eliminar os vieses que minaram a confiança na mídia nacional de notícias”, segundo carta da FCC que anunciou a decisão.

Outra mudança de última hora envolveu o controle de Ellison. Documentos apresentados à FCC, em setembro de 2024, indicavam inicialmente que o pai de David, Larry Ellison — cofundador da Oracle e segunda pessoa mais rica do mundo — detinha todas as ações com direito a voto e participação acionária nas holdings da Pinnacle Media Ventures, responsáveis pela aquisição da fatia da Paramount. Esses papéis estavam registrados em nome de Lawrence J. Ellison Revocable Trust, o mesmo fundo que detém as ações da Oracle e a maior parte dos seus imóveis avaliados em cerca de US$ 1,5 bilhão (R$ 8,3 bilhões).

Segundo os documentos, a família Ellison também era dona de 67% da participação acionária e de 78% dos direitos de voto da Skydance, em parte por meio da Sayonara LLC, empresa-mãe das entidades da Pinnacle. Em outubro de 2024, uma emenda apresentada à FCC alterou os direitos de voto, transferindo 100% do controle das entidades da Pinnacle para David Ellison, mas mantendo a participação acionária com o pai.

Divisão familiar

Mais uma mudança ocorreu em meados de julho. Dessa vez, os direitos de voto de David na Paramount pós-fusão foram reduzidos para 50%, enquanto seu pai, Larry, passou a deter 27,5%, segundo documentos da FCC. Isso significa que nenhum acionista individual pode ter mais votos do que David, mas também significa que ele precisa da aprovação do pai para decisões como orçamentos e investimentos estratégicos.

Ao que parece Larry Ellison controla toda a participação de sua família, de cerca de 26% com direito a voto e de 10% sem, na nova Paramount, assumindo que todos os acionistas atuais escolham receber o valor máximo em dinheiro. Além disso, os Ellison também têm outros 6,7% de participação acionária por meio da Skydance Entertainment Group, embora não esteja claro como essa fatia é dividida entre pai e filho.

Dessa forma, se eventualmente Larry decidir se aliar à RedBird Capital, de Gerry Cardinale, — que investiu na Skydance de David em 2020 e controla os 22,5% restantes dos votos — os dois poderiam bloquear decisões de David. Por outro lado, ele também poderia conquistar o apoio da RedBird, caso seu pai se opusesse a algo.

Foco nos benefícios

O principal motivo para essa mudança, segundo pelo menos duas fontes, tem mais a ver com dinheiro do que com poder. “Do ponto de vista dos votos, David Ellison terá o controle por meio de suas empresas, mas os benefícios fiscais vão para Larry”, explica Alex Davis, advogado especializado em fusões e aquisições, baseado em Los Angeles, que não está envolvido na transação. Segundo ele, as alterações provavelmente foram motivadas por questões regulatórias e não são incomuns. “Os negócios lucrativos dele podem se beneficiar de eventuais prejuízos fiscais ou depreciação com essa fusão.” Questionado, o porta-voz da Skydance preferiu não comentar. A RedBird, David Ellison e a FCC também não responderam aos pedidos de comentário antes da publicação.

É possível que a posse de Trump, em janeiro deste ano, também tenha influenciado a situação. David Ellison se reuniu com o presidente americano e com o líder da FCC, Brendan Carr, antes da aprovação do acordo, mas também doou cerca de US$ 1 milhão (R$ 5,55 milhões) para a campanha de reeleição de Joe Biden, em fevereiro de 2024. Já Larry Ellison tem uma relação de longa data com Trump.

No início do ano, Trump disse a jornalistas que estaria aberto a um acordo liderado por Ellison para comprar o TikTok, cuja data-limite de venda foi estendida até setembro. Além disso, o bilionário da Oracle prometeu uma reformulação na CBS, possivelmente impulsionada pelo compromisso da Skydance de encerrar os programas de diversidade, equidade e inclusão. “Acho que ele vai comandar a CBS muito bem e que está fazendo um bom negócio ao comprá-la. Ele é ótimo”, disse o presidente dos Estados Unidos sobre Larry Ellison em um comício no dia 3 de julho.

A Oracle, inclusive, estaria em negociações para que Paramount e Skydance operem na mesma infraestrutura de nuvem fornecida pela empresa, avaliada em US$ 100 milhões (R$ 555 milhões) por ano. Um valor ínfimo para Ellison, cuja fortuna supera US$ 290 bilhões (R$ 1,6 trilhão) e que recebe mais de US$ 1 bilhão (R$ 5,55 bilhões) por ano em dividendos da Oracle — antes dos impostos.

Fortuna dividida, mas sem rastros

Quanto à parte de David nessa fortuna, a resposta é um pouco obscura — propositalmente. Larry Ellison destinou 90 mil ações para um fundo em nome dos dois filhos, David e Megan, quando a Oracle abriu capital em 1994, quando David tinha três anos e Megan, dois meses. Se o fundo tivesse mantido essas ações, hoje valeriam mais de US$ 4 bilhões (R$ 22,2 bilhões). Mas, desde então, há poucos registros.

Após o prospecto de 1994, o fundo dos filhos foi citado esporadicamente, até sua última menção em um documento de 2012. Nessa época, David e Megan tinham 933.334 ações da Oracle por meio do fundo — uma fração do que deveriam ter com os ajustes de desdobramento, o que indica que milhões de ações podem ter sido repassadas diretamente a eles, trocadas por outros ativos, vendidas como parte de uma estratégia de diversificação ou uma combinação desses fatores.

O que se sabe é que David e Megan também receberam ações da NetSuite, uma empresa pioneira em computação em nuvem da qual o pai foi um dos primeiros investidores. Quando a Oracle comprou a companhia em 2016 por US$ 9,3 bilhões (R$ 51,6 bilhões), David embolsou cerca de US$ 370 milhões (R$ 2,05 bilhões) antes dos impostos — valor que hoje pode chegar a US$ 550 milhões (R$ 3,05 bilhões).

Velhos conhecidos

Skydance, Paramount e Larry Ellison estão entrelaçados desde o início. Em 2008, Larry criou a Sayonara LLC para “investimentos em produção de mídia”, poucos meses depois de começar a usar ações da Oracle como garantia para linhas de crédito. Segundo documentos da FCC, a Sayonara LLC é uma das entidades que detêm a participação de controle da família Ellison na Skydance.

Em 2009, David Ellison levantou US$ 350 milhões (R$ 1,94 bilhão), parte vinda do pai, para financiar um contrato de cinco anos com a Paramount para coproduzir filmes. Seu primeiro grande sucesso foi com Bravura Indômita, dos irmãos Coen, indicado ao Oscar e lançado em 2010. Esse foi o primeiro longa-metragem da Skydance, que arrecadou mais de US$ 250 milhões (R$ 1,38 bilhão) no mundo com um orçamento de US$ 38 milhões (R$ 210,9 milhões). Naquele mesmo ano, ele e a irmã se lançaram a Skydance e, no ano seguinte, criaram o estúdio Annapurna Pictures.

Até meados de 2024, a Skydance já havia produzido ou cofinanciado 35 filmes, sendo 24 em parceria com a Paramount, segundo documentos regulatórios. Em 2023, a empresa teve prejuízo de US$ 54 milhões (R$ 299,7 milhões) sobre uma receita de quase US$ 1 bilhão (R$ 5,55 bilhões). Enquanto isso, a Annapurna Pictures, de Megan — conhecida por filmes elogiados como Ela e A Hora Mais Escura — enfrentou dificuldades com centenas de milhões em dívidas e chegou a cogitar pedir recuperação judicial, algo que foi evitado com a ajuda do pai.

Embora não se saiba se Ellison usou ações da Oracle dadas como garantia para financiar a Annapurna, a Skydance ou até a fusão com a Paramount, isso é bastante provável, segundo Davis. Em setembro de 2024, Larry havia prometido 277 milhões de ações da Oracle — avaliadas em US$ 47 bilhões (R$ 260,9 bilhões) — como garantia de empréstimos pessoais destinados exclusivamente ao financiamento de negócios particulares. De todo modo, o fato de David depender tanto do pai para financiar a Skydance e agora a Paramount sugere que ele talvez ainda não tenha acesso direto a uma parte significativa, ou a nenhuma, de suas ações da Oracle. Mesmo com David no comando da Paramount como CEO, ainda não se sabe ao certo como será a dinâmica entre pai e filho.

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